A real possibilidade de queda da presidente da República, através do processo de impeachment, exige um arsenal de estratégias e discursos, tanto da base aliada quanto da oposição, para saírem vencedores de um embate que ainda segue nebuloso, mas intenso. A última semana rendeu inúmeras derrotas e más notícias para o governo – com protestos, medidas judiciais e grampos telefônicos divulgados -, mas também mostrou para a oposição que o governo possui base social significativa para resistir a uma deposição de Dilma Rousseff (PT).
Se por um lado a oposição se mune da insatisfação popular diante de uma economia enfraquecida, o governo tenta ainda mostrar poder de reação lançando pacotes de estímulo à economia.
Nos próximos dias, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, deverá lançar pacote de renovação de mais uma fase do programa Minha Casa Minha Vida e de renegociação da dívida dos Estados com a União.
Em um agravamento da crise política, o PMDB articula com o PSDB um possível acordo não só para derrubar o governo, mas também para governar com a oposição em uma provável gestão do vice Michel Temer.
Com a inclinação do maior partido da base para desembarcar do governo, o Planalto apostou todas as fichas no ex-presidente Lula, de grande poder de articulação, para recompor o arco de aliança e evitar o impedimento da presidente.
O senador Eunício Oliveira, líder do PMDB no Senado, disse ao O POVO que as chances do partido se manter na base são pequenas, mas que não é impossível permanecer.
José Guimarães (PT), líder do governo, participará hoje de reunião de articulação política em Brasília para traçar novas estratégias.
Impopular, com 68% da população a favor do impeachment segundo o Datafolha, o governo recebeu apoio da União das Nações Sulamericanas (Unasul) e deverá buscar se fortalecer internacionalmente para evitar a queda que se torna cada dia mais possível.
O cientista político Francisco Moreira Ribeiro (Unifor) vê poucas chances para a presidente no momento de grave crise política que ronda o Planalto. Ele não acredita que intervenções internacionais possam ajudar o governo a derrotar o impeachment.
Segundo o pesquisador, o ideal seria a presidente buscar um acordo com a base aliada, por mais que o momento seja completamente desfavorável.
“É um momento muito difícil porque ela (Dilma) perdeu a capacidade de gerenciamento do processo. Mas ainda está muito nebuloso para dizer se ela cai ou não. No Congresso, a situação dela já vinha fragilizada há algum tempo, a base se esfarelou nos últimos meses”, diz.
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