Com repasses federais em baixa, prefeitos que reduziram ou cortaram festas de Carnaval no ano passado afirmam que usaram a verba para cobrir o “apoio reduzido” da União. Com perspectiva de novo ano difícil, gestores dizem que pretendem manter cortes para festas
Conforme O POVO mostrou à época, pelo menos 25 cidades do Estado anunciaram suspensão de festas de 2015. Prefeito de um dos municípios de Carnaval mais tradicional, Ivan Silvério (Aracati) afirma que repetirá cortes que garantiram economia de até R$ 600 mil aos cofres. “Estávamos sem dinheiro disponível nenhum”, justifica.
Segundo o presidente da Associação de Prefeitos do Ceará (Aprece), Expedito do Nascimento (Piquet Carneiro), problema é “generalizado” e deve se repetir neste ano. “Hoje mesmo a Aprece se reuniu, e muitos prefeitos estavam conscientes da necessidade de cortes”. Nos próximos dias, a Aprece deve se reunir com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) para tratar do caso.
Neste ano, número de prefeituras que lançou licitações para Carnaval reduziu de 44 em 2014 para apenas dez em 2016. No portal do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), maioria dos gastos para a festa envolvem apenas locação de palcos, caixas de som e serviço de iluminação.
“Reduzimos estrutura porque não tínhamos como pagar, o que teremos que fazer de novo”, diz o prefeito de Aracati, que aposta em patrocínios e apoios do setor privado. Ivan Silvério destaca que o Carnaval do Município movimenta até R$ 100 milhões. “Se tem um gasto de R$ 2,4 milhões, o retorno em impostos é o dobro disso”,afirma.
Economia em seca
Outro município de tradição carnavalesca, Camocim, no litoral oeste, realizou redução de até 44% de gastos na festa de 2015. A redução ocorre após anos de ações do Ministério Público cobrando economia de recursos durante o período de seca.
Município de Carnaval menos tradicional, Iguatu também utilizou recurso do Carnaval de 2015 para cobrir falta de recursos. “Não temos tradição, e como a situação está muito difícil, cortamos e vamos cortar de novo. Não tem como, se quisermos manter a folha em dia”, diz o prefeito Aderilo Alcântara.
Segundo ele, economia foi de R$ 300 mil, repassada para pagamento de servidores e de obras. Já o prefeito Veveu Arruda (Sobral) diz que cortes em 2015 geraram economia de até R$ 850 mil, revertida para saúde, educação, limpeza e convivência com a seca.
“Uma coisa é gastar com Carnaval em uma cidade de festa tradicional e que atrai turismo forte, como Camocim. Outra é cortar de Sobral, onde as pessoas geralmente viajam nessa época”, afirma Veveu.
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